Livros

Amazonas do Futuro: Um projeto de todos nós

Na Europa renascentista, pensadores políticos como Nicolau Maquiavel defendiam a tese segundo a qual “quem não conseguir despojar-se das idéias morais correntes deverá viver como homem privado, e não arriscar-se entre os governantes” ou, como nos ensaios de Montaigne, argüiam a impossibilidade de o homem sábio imiscuir-se em política, ante o fato de que, “com muita frequência, a política choca-se necessariamente com as regras da moral”.

Embora respeitando o pensamento de ambos, cuja essência, infelizmente, ainda corrente nos meios políticos de hoje, permitam-me, entretanto, discordar: creio, sinceramente, que o homem público que é, em resumo, o político, pode exercer mandatos sem ferir princípios morais e éticos. Creio na máxima montaigniana que diz que o caminho da verdade é uno e simples; o do proveito pessoal e do interesse dos negócios que estão a nosso cargo é duplo, desigual e fortuito.

Por isso, tenho usado propor uma forma ética de fazer política, calcada no planejamento, fundamentada no prever e não no prover, sem improvisações e sem os planos mirabolantes dos que se consideram detentores de magia econômica. Mesmo porque aprendi, no banco da escola e na igreja da vida, que em Economia não existe magia. Somente com planejamento e trabalho se constrói uma economia estruturada.

Tenho dito que o Amazonas viverá, em breve, um período de transição econômica e não poderá ficar à mercê de “salvadores da pátria”. A ética recomenda como o mais importante, nesse contexto, a transição do personalismo do “eu” (eu acerto, eu sou capaz, eu faço), para o coletivismo do “nós”, onde “nós acertamos” ou “nós erramos”. De forma que o montante dos acertos sobrepuje o dos erros e o do coletivo, traduzido em bem-comum, esteja acima de tudo acima do indivíduo.

O Amazonas precisa, para enfrentar essa transição, que passa pela reengenharia econômica do Estado com a criação e a implantação de alternativas ao modelo Zona Franca de Manaus, de um Projeto de Desenvolvimento que tem uma visão futurística e que contemple a correção das enormes desigualdades econômicas e sociais. Um projeto que tenha como premissas básicas a indicação do que fazer, como fazer e de onde virão os recursos.

Um projeto independente de candidaturas ou de mandatos.

“O Amazonas do Futuro – Projeto Desenvolvimento Sócio-econômico”, que venho montando a mais de um ano, contém todos esses ingredientes. É fruto da experiência de quase oito anos na vida pública no Amazonas, como secretário da Indústria e Comércio, da Fazenda e como vice-governador, período em que trabalhei na recuperação e organização das Finanças Públicas.